Trabalho nem sempre significa crescimento, reconhecimento ou fonte de satisfação. Muitas vezes causa desinteresse, irritação e exaustão. E até mesmo, em casos mais graves, pode desencadear a Síndrome de Burnout.
A Síndrome de Burnout é uma das doenças causadas pelo trabalho, que apenas na década de 70, nos EUA, obteve teorias e instrumentos capazes de entendê-la.
Os sintomas de Burnout são físicos e comportamentais e vão desde o estresse ocupacional, esgotamento físico e mental, até ao sentimento crônico de desânimo, apatia, despersonalização e exaustão emocional, que resulta num desequilíbrio da saúde do profissional.
O indivíduo perde o sentido da sua relação com o trabalho, de forma que as coisas já não o importam mais e qualquer esforço lhe parece ser inútil. Assim, este passa a ter um contato frio e impessoal, até mesmo cínico e irônico, com as pessoas envolvidas em seu trabalho como clientes, pacientes, alunos, etc.
Pode-se dizer então, que a síndrome de Burnout envolve 3 componentes principais:
1. Exaustão emocional: o indivíduo percebe que sua energia e seus recursos emocionais estão esgotados e que por isso não pode dar mais de si mesmo a nível afetivo. Há um desgaste emocional diário que o leva a exaustão.
2. Despersonalização: o indivíduo começa a desenvolver sentimentos e atitudes negativas na relação com as pessoas destinatárias do seu trabalho, gerando um enrijecimento afetivo e prejudicando a relação. Isso ocorre quando o vínculo afetivo é substituído por um vínculo racional. Trata-se de um estado psíquico em que prevalecem sentimentos de cinismo ou dissimulação afetiva, com presença de crítica exacerbada de tudo e de todos.
3. Falta de envolvimento pessoal no trabalho: tendência de uma “evolução negativa” no trabalho que afeta a habilidade para a realização do mesmo. Pode ser entendida como uma baixa realização pessoal no trabalho em que o investimento afetivo das relações se perde.
Segundo alguns estudos, a Síndrome de Burnout ocorre, principalmente, nas profissões que trabalham em contato direto com pessoas, em prestação de serviço e/ou em funções que exigem contato direto e excessivo com outras pessoas que necessitam de algum tipo de cuidado.
Atualmente, as observações se estendem a todo profissional que interage de forma ativa com pessoas, que cuida e/ou soluciona problemas de outras pessoas e que obedece a técnicas e métodos mais exigentes.
É importante ressaltar que os sintomas de Burnout, em geral, podem ocorrer como respostas possíveis ao estresse laboral crônico, para um trabalho estressante, frustrante ou monótono. Ou até mesmo devido à discrepância entre o que o trabalhador oferece, isto é, o que ele investe no trabalho, e aquilo que ele recebe como o reconhecimento de superiores, dos colegas, etc.
Alguns autores associam determinadas características de personalidade a uma maior vulnerabilidade de o profissional sucumbir ao Burnout, mas tal hipótese não obteve muito sucesso. O que foi possível demonstrar é que indivíduos altamente centrados no trabalho e que fazem dele o objetivo único de suas vidas estão mais propensos a entrar em Burnout visto que não há investimento em outras esferas da vida.
Portanto, pode-se perceber que a Síndrome de Burnout está ligada às relações laborais e organizacionais, que com o passar do tempo leva a pessoa a diversos desgastes em sua vida, tanto pessoal quanto social e profissional. Dessa forma, é importante que se compreenda a seriedade desta Síndrome e que se oriente a população “alvo” de seus sintomas e conseqüências.
Além disso, as instituições devem estar alertas e se possível desenvolver medidas preventivas, tais como palestras, dinâmicas de integração e exercícios para descontração e relaxamento dos funcionários. Assim como medidas de apoio dentro da própria instituição, também são fundamentais para que as pessoas possam buscar informações e tratamento para seu restabelecimento. Isso tudo pode ser facilitado pela presença de um psicólogo dentro das organizações.
Dessa forma, a empresa não estará apenas trabalhando a prevenção da Síndrome, mas também contribuindo para o bem estar do trabalhador em seu ambiente de trabalho e consequentemente evitando quaisquer prejuízos futuros que possam ocorrer para a organização, proporcionando assim, uma troca mais funcional e saudável entre colaboradores e empresa!