terça-feira, 11 de outubro de 2011

CONTO DE FADAS: SEU PAPEL NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE DA CRIANÇA


Amanhã é dia das crianças como todos sabem e achei interessante pensar um pouquinho a respeito delas hoje. Nesta última semana surgiu no Facebook uma polêmica campanha para mudar nossas fotos de perfil por desenhos animados que tivessem nos marcado na infância, para que se refletisse com isso a respeito da violência infantil. Embora tenha recebido muitos adeptos, o movimento não teve grandes avanços nesse sentido...As pessoas possivelmente trocaram suas fotos em sinal de “apoio” a campanha, mas nada se discutiu sobre o assunto.
Mas a grande questão que quero chegar, não se refere a violência infantil, mas sim que todo esse movimento de trocar de fotos mostrou um pouco sobre as identificações de cada um com seus personagens na infância; desenhos, filmes, seriados que marcaram suas vidas...e isso a principio parece meio bobo, mas não é! O conto de fadas é uma grande ferramenta de desenvolvimento das crianças.


Hoje em dia, talvez as crianças estejam muito mais parecidas com a Boo de Monstros S.A., a qual não se assustava, mas sim se divertia com os monstros!...rs... Afinal elas já nascem com um número de informações e estímulos muito maior do que era antigamente. Assim, amadurecem mais rápido, aprendem mais rápido...tudo acontece mais rápido.
Enfim, o mundo mudou e as crianças também mudaram, porém, as relações discutidas nos contos de fadas, continuam muito atuais. Eles tratam de abandono, traição, frustração, separação, morte e até mesmo violência! Todos temas muito contemporâneos.
E é a partir do contato das crianças com os contos de fadas, com o mundo imaginário, que elas começarão aprender a lidar com estes seus sentimentos.
Ao assistir um desenho, um filme infantil, a criança poderá sair um pouco da realidade e viver aquele mundo de fantasia, onde pode ser forte, lutar contra seus monstros, mas onde também pode sentir medo, abandono, separações... Enfim, cada um vai se identificar com um ou outro personagem, com o monstro ou com o príncipe, dependendo de sua realidade, de seus medos, de seus conflitos naquele momento. Isto é, a criança terá seu sentimento representado no personagem com o qual mais se identifica, de acordo com o momento e conflito que estiver vivendo.  
E isso facilita o desenvolvimento do seu eu, pois ao liberar sua imaginação a partir do desenho, a criança se permite entrar em contato com seus conflitos e tentar resolvê-los.  A princípio de uma maneira mais segura, isto é, distante, no mundo do imaginário, da fantasia, e aos poucos podendo transpor isso para sua vida real e seus sentimentos de alegrias, tristezas, angústias... Aprendendo a lidar com seus medos, a lutar contra seus monstros internos, a ter tolerância diante das frustrações do dia a dia, quando nem sempre o final é feliz como se esperava.
Ou seja, é através da imaginação que a criança perceberá seus sentimentos ilustrados, por mais absurdos que possam parecer para eles, como raiva e ódio dos pais (o que é natural, mas muito conflituoso), diante das experiências vividas pelos personagens. E a criança aprende com isso a crescer, elaborar e construir sua identidade!
Claro que tudo isso não acontece magicamente, o desenho é apenas um dos estímulos, um facilitador deste processo e a imaginação é apenas uma nuance deste, a formação de uma criança é muito mais ampla. Entretanto, os filmes (contos, desenhos) podem ajudar muito no sentido de abrir um caminho para discussão de sentimentos, de medos, de conflitos familiares; podem facilitar, como já dito, a criança a entrar em contato com seus “fantasmas emocionais”; mas tudo isso precisa ser amparado pelos pais, pelas pessoas que estão próximas a esta criança, para que façam uso desse instrumento de uma maneira saudável, colaborando para a construção da identidade/personalidade dessa criança!
 A participação dos pais e educadores é fundamental, afinal as crianças precisam de apoio para se sentir seguras, precisam de limites, diálogo e auxílio para separar o real do imaginário e o mais importante, precisam do vínculo com seus pais para que se desenvolva de uma maneira saudável.

Joice Pacheco Ambrósio
Psicóloga
CRP: 06/90252