quinta-feira, 31 de março de 2011

BULLYING



Bullying: um tema polêmico, que divide opiniões e do qual tem se falado muito a respeito nos últimos dias.
 Na verdade o bullying no contexto escolar é um fenômeno que ocorre há muito tempo. Desde que existe escola! Quem de nós, se não sentiu na pele, já não viu ou ouviu falar de situações de bullying na escola? Um aluno ou um grupo deles que ataca intencionalmente outro aluno ou grupo, repetidamente? Provoca, humilha, ridiculariza, agride física e/ou verbalmente o outro?
Infelizmente isso é mais comum do que se imagina. E de uns anos pra cá o que era considerado “coisa de criança e adolescente”, deixou de ser visto com tanta naturalidade e passou a ser estudado seriamente também aqui no Brasil.
            Já ouvi muitas opiniões a respeito disso. Pessoas que são contra essa super exposição do tema, por considerar que há uma “psicologização” em cima de algo que sempre existiu. Outros que sofreram bullying na escola, mas dizem ter usado aquelas situações de perseguição e humilhação como força motivacional para enfrentar os agressores e aprender a se defender do mundo. Já outras, são a favor dessa atenção que vem sendo dada ao assunto, já que também passaram por isso e trazem marcas consigo até hoje daquilo que passaram.
Talvez, essas pessoas que dizem não ter sofrido conseqüências do bullying, tiveram um poder mais elevado de auto superação no momento e tenham conseguido reagir bem aos constrangimentos sofridos. Isso é possível, considerando que cada indivíduo irá reagir e vivenciar a mesma situação de diferentes formas.
Mas a grande questão é que em geral, as pessoas que sofrem bullying, não conseguem reagir a isso, sozinhas, de uma maneira positiva. Pelo contrário, as agressões que envolvem desde implicâncias e brincadeiras desagradáveis, como inventar apelidos maldosos, ridicularizar o outro por sua etnia, peso, religião, deficiência, etc. e vão até agressões físicas extremas, provocam nas vitimas conseqüências, físicas e/ou emocionais, imediatas ou futuras, muito intensas.
Em geral os alunos que sofrem bullying passam a ficar isolados, têm sua concentração e rendimento escolar prejudicados, tentam buscar maneiras de se afastar da escola, inventando doenças, entre outras coisas, mudam de escola.
Emocionalmente, sentem-se angustiados, oprimidos, inseguros, tem uma dor e um sofrimento muito grande, a auto estima fica destruída, ficam estressados, podem desenvolver transtornos psicológicos chegando até a entrar em depressão e pensar ou cometer suicídio dependendo da gravidade do caso.
Se não houver uma intervenção de ajuda para com este aluno, ele pode desenvolver comportamentos agressivos, violentos, o desejo de vingança, prejudicando a si mesmo e aos outros, resultando até mesmo em tragédias, como se tem divulgado na mídia nos últimos tempos.
Mas é importante ressaltar que não é apenas aquele que sofre a agressão que desenvolve problemas psicológicos; o agressor também indica que está precisando de ajuda.
Segundo especialistas, os agressores apresentam esse tipo de comportamento violento, em geral, quando passam por uma educação baseada na violência dentro de casa; quando não tem a atenção necessária, desenvolvendo uma carência afetiva; quando não aprendem a ter limites e quando sofrem maus tratos físicos. Acabam reproduzindo a violência vivida em suas relações interpessoais na escola, passando a utilizar de violência para obter o poder e para se sentir valorizado. Ele também tem seu rendimento escolar reduzido, e sem ajuda, pode acabar reproduzindo essas atitudes violentas até a vida adulta.
Isso mostra o quanto é importante termos um olhar atento a essas situações que parecem ser tão comuns no dia a dia. É importante que os pais, profissionais da educação, alunos, enfim, todos os envolvidos, sejam conscientizados do quanto isso pode ser danoso e também que sejam sensibilizados para uma mudança do quadro atual.
É importante que os pais estejam atentos aos seus filhos, e observem se estes não estão lhes dando sinais de que algo não vai bem. Irritação, resistência a ir pra escola, isolamento, são comportamentos que devem ser observados com atenção, pois indicam alterações emocionais que podem estar sendo causadas pelo bullying. Mas ainda assim o bullying não é fácil de ser identificado, principalmente por haver uma imposição do silencio por parte dos agressores, ou simplesmente pelas vitimas se sentirem envergonhadas.
Por isso é fundamental que os pais tenham acesso a seus filhos, através do diálogo, que estejam próximos a eles e que estabeleçam uma relação de confiança, para que possam perceber esses possíveis sinais.
            Outro ponto importante é que a escola e os educadores sejam orientados sobre como lidar com estas situações. Muitas vezes os próprios professores, por razões de cansaço, sobrecarga, indisciplina, falta de condições de trabalho ou simplesmente falta de conhecimento, se tornam os próprios agressores, fazendo piadas humilhantes com alunos, dando apelidos ou até puxões de orelha. Por isso é tão importante que estes educadores aprendam a detectar o problema e principalmente a não agravar a situação.
            E acima de tudo, acredito que o fundamental é que se invista numa educação onde as crianças aprendam a perceber e compreender que suas atitudes têm consequências. Aprendam a se colocar no lugar do outro, a compreender o sentimento do outro com relação a suas atitudes, aprendam a respeitar e tolerar as diferenças. Uma educação que desenvolva nas crianças a habilidade de lidar com seus sentimentos e expressá-los de uma maneira saudável.
Precisam aprender maneiras mais saudáveis de se defender do mundo e enfrentar as dificuldades da vida, sem tanta hostilidade e violência!
            E mais uma vez os pais tem um papel fundamental, pois são eles que vão ajudar  seus filhos a ter uma boa educação, a desenvolver valores que os impeça de agir de tal forma, de lhes dar uma estrutura pra ter uma boa formação não só educacional, mas emocional também, sabendo impor limites sem violência,  através do diálogo, que permite uma maior aproximação entre pais e filhos e uma vida melhor para todos!

            Seria isso tudo possível? Bom...isso é tema para próximas discussões...rs.


Jeremy
Em casa
Desenhando figuras de topos de montanhas
Com ele no topo, sol amarelo limão
Braços erguidos em V
Os mortos estendidos em poças de cor marron embaixo deles

Papai não deu atenção
Para o fato de que a mamãe não se importava
Rei Jeremy, o perverso
Governou seu mundo

Jeremy falou na aula de hoje
Jeremy falou na aula de hoje

Me lembro claramente
Perseguindo o garoto
Parecia uma sacanagem inofensiva

Mas nós libertamos um leão
Que rangeu os dentes
e mordeu os seios da menina na hora do intervalo

Como eu poderia esquecer
E me acertou com um soco de esquerda de surpresa
Meu maxilar ficou machucado

Deslocado e aberto
Assim como no dia
Como dia em que ouvi

Papai não dava carinho
E o garoto era algo
Que mamãe não aceitaria
Rei Jeremy, o perverso
Governou seu mundo

(3x)
Jeremy falou na aula de hoje

Tente esquecer isto
Tente apagar isto
Do quadro negro

(2x)
Jeremy falou na aula de hoje

(2x)
Jeremy falou
Falou

Jeremy falou na aula de hoje

quarta-feira, 23 de março de 2011

TERAPIA FUNCIONA?

Há um tempo atrás, passando por uma banca de jornal vi uma revista com a seguinte manchete: “Terapia funciona?”. Para a maioria dos psicólogos e terapeutas, esse tipo de manchete é praticamente uma afronta! Quase um questionamento sobre a veracidade do nosso trabalho. E foi este o primeiro pensamento que me tomou.
Porém, parando para pensar nesta questão, pude concluir que a eficácia de uma terapia não pode realmente ser vista como uma regra geral, afinal esta não depende apenas da qualidade do trabalho do profissional, mas também em grande parte, (se não em sua maior parte) do envolvimento do cliente neste processo.


Mas afinal, do que se trata a terapia?

A terapia nada mais é do que um tratamento psicológico, realizado através de técnicas que vão variar de profissional para profissional, já que existem várias abordagens de trabalho.
Entretanto, o que realmente importa dentro do processo terapêutico é a relação estabelecida entre psicólogo e cliente, a qual deve envolver respeito, confiança, compreensão e aceitação incondicional do terapeuta para com o cliente, não havendo de forma alguma qualquer tipo de julgamento.
Através desta relação, o psicólogo busca proporcionar a pessoa uma melhor utilização de seus recursos internos para enfrentar a vida, alcançando com isto crescimento, desenvolvimento pessoal, conhecimento e aceitação de si mesmo e consequentemente uma melhora em sua qualidade de vida.
Mas é importante ressaltar que este processo, em geral não provoca resultados imediatos como muitos buscam, isso vai variar muito de acordo com o tempo de elaboração de cada um e dos objetivos de cada um, isto é, se deseja resolver alguma questão mais específica e imediata ou se deseja se aprofundar num maior auto conhecimento.
 E também não se trata de um processo rígido que leva a mudanças fixas, mas sim de um processo que está em constante movimento, podendo ter avanços e retrocessos dependendo do momento que está sendo vivido ou do sentimento que esta sendo experimentado.


Quando procurar a terapia?

Para que esta terapia realmente seja eficaz, além de procurar um profissional qualificado, que esteja apto para realizar o atendimento psicológico, o interesse do cliente na terapia é fator fundamental.
Infelizmente ainda existe muito mito em cima deste processo; muitas pessoas ainda têm a visão preconceituosa de que terapia é “coisa para louco” e que não precisa pagar para um estranho ajudá-lo a resolver seus próprios problemas. Estes pensamentos geram muita resistência nas pessoas para procurar ajuda.
Mas todos nós em algum momento de nossas vidas, podemos sentir dificuldade para resolver sozinhos determinadas questões, que muitas vezes nos deixam infelizes, inseguros, nos atrapalham no dia a dia, em nossos relacionamentos ou nos incomodam e nos fazem mal de alguma forma.
São nestes momentos que a busca de um profissional qualificado se faz importante, para que este possa dar o apoio e a orientação necessária para que o indivíduo possa enfrentar seus conflitos, da maneira mais saudável possível.
Entretanto, a terapia também pode ir além da busca pela solução de problemas imediatos, afinal seu objetivo maior é o auto conhecimento do ser humano. Nesse sentido, pode-se dizer que não existe um momento ideal para buscar a terapia. Sempre é momento de buscar se conhecer melhor, de aprender a lidar melhor com suas próprias questões e com isso poder viver de forma mais livre e autêntica.

Afinal, terapia funciona?

Respondendo essa pergunta de uma forma ideal, a resposta seria sim. Porém, para que esta condição ideal seja alcançada, como já dito, é necessário que o cliente tenha disposição para enfrentar os desafios que envolvem a terapia.
Os desafios de entrar em contato com suas questões mais íntimas e complexas; de ter força interna para aceitá-las e compreendê-las; ter disposição para aprender a lidar com suas resistências, e a partir de então, poder caminhar para um processo de transformação. Atingir este nível de auto conhecimento, de aceitação de si mesmo, auxiliado pelo psicólogo, é o que considero ter sucesso na terapia.
Por isso é tão importante que quando alguém busque este tipo de ajuda psicológica, este o faça de livre e espontânea vontade. De nada adianta empurrar o filho, o marido, a esposa, a amiga, para seu psicólogo de confiança se a própria pessoa não está disposta a isso.
Afinal, como já mencionado, se não houver disponibilidade interna do cliente, dificilmente este dará abertura para que possa se estabelecer uma relação de ajuda entre psicólogo e cliente, tão necessária para que o processo flua e a terapia funcione!






Joice Pacheco Ambrósio
Psicóloga
CRP: 06/90252