Ir à escola, namorar, passear, ir ao trabalho, relacionar-se com outras pessoas... Todas estas parecem situações muito triviais e até prazerosas da vida da maioria das pessoas. Mas, infelizmente, isso não é assim para todo mundo.
Para as pessoas que são tímidas, estas podem ser tarefas muito penosas e causadoras de sofrimento. Afinal, a timidez interfere no desempenho dos diversos planos da vida de um indivíduo: amoroso, social, profissional, etc. devido à dificuldade de se relacionar, de enfrentar novos desafios ou simplesmente da inibição de estar na presença de outras pessoas.
E essa dificuldade ou medo vem da excessiva preocupação com seu desempenho social e com o julgamento dos outros sobre si, pois sentem uma grande necessidade de aprovação. Precisam ser aceitos, querem se relacionar, mas em contrapartida não se acham capazes de conquistar isso.
E para evitar essa sensação de ansiedade, angústia, acabam por evitar situações novas, para ter um mínimo de segurança. Passam a repetir sempre as mesmas coisas, deixando de viver experiências vitais para seu crescimento, o que faz com que a timidez evolua ainda mais, tornando-se um círculo vicioso.
As origens da timidez são diversas, vindo desde o temperamento de cada um, até a experiência de vida de cada pessoa. Assim, algumas pessoas podem passar simplesmente por uma fase de timidez e superá-la ou então em função de experiências negativas, traumas, frustrações, temem ainda mais o enfrentamento das situações e na medida em que vão amadurecendo se tornam cada vez mais retraídos.
Certo grau de timidez é tolerável e até normal. Sentir-se ansioso diante de uma entrevista de emprego, do primeiro encontro amoroso, de uma apresentação de trabalho, enfim, situações de “exposição” em geral causam aquele “friozinho na barriga”, deixam o coração acelerado, as mãos trêmulas. O problema é quando isso passa a ser incapacitante. E a timidez em seu nível normal não é. Quando esta se torna limitante, quando há um bloqueio da pessoa diante das situações do cotidiano, então estamos diante da timidez em seu nível patológico, também conhecida como fobia social. Esta pode aparecer numa situação especifica apenas (falar em público, por exemplo) ou generalizada, onde inúmeras situações sociais causam extrema ansiedade.
No transtorno de ansiedade social ou fobia social, ao contrário da timidez, há um extremo e constante medo de estar no centro das atenções e o nível de ansiedade é muito grande. Quando não conseguem evitar os eventos sociais de forma alguma, enfrentam-no com imenso sofrimento. E este sofrimento ocorre antes, durante e depois do evento. Antes, pela expectativa da situação. Durante pelo medo de ser julgado negativamente pelos outros, de ser observado o tempo todo. E depois, pois fica remoendo a situação vivida, sempre se avaliando como fracassado.
Sente-se culpado pelo seu problema e incompreendido pelo mundo. Foge dos contatos sociais, evita as situações que causam ansiedade, mas sente imensa solidão.
Os sintomas em sua maioria são: rubor facial, suor intenso, tremor, gagueira ou fala trêmula, tensão muscular, taquicardia e secura na boca. E quase sempre o indivíduo acredita que todos a sua volta estão percebendo seu desconforto e isso piora ainda mais seu nervosismo. Em casos mais graves, os sintomas de ansiedade chegam a se manifestar até como um ataque de pânico, inclusive com o medo da morte.
As pessoas com fobia social detestam ser o foco de atenção e sempre pensam que os outros o acham idiotas, estranhos, descontrolados. E eles por sua vez, se cobram um bom desempenho o tempo todo, não se permitem errar com medo de não serem aceitos pelos outros.
Obviamente isso causa prejuízos na vida desses indivíduos em diversos setores já que quase tudo que fazemos necessita de interação social ou exposição. Então são sujeitos que sofrem muito, sentem-se incompreendidos e isolam-se.
Esconder os sintomas por vergonha também é algo muito comum, mas que deve ser evitado. Quanto mais cedo começar o tratamento da fobia social, melhor, pois quanto mais o tempo passa, mais a fobia toma conta de novos aspectos da vida do indivíduo.
O tratamento envolve psicoterapia e dependendo do caso faz-se necessário um acompanhamento médico para a indicação de antidepressivos e/ou calmantes. As medicações quando necessárias são usadas para diminuir a ansiedade exacerbada. Isso auxilia no tratamento e no enfrentamento das situações evitadas.
Com a terapia, o indivíduo tem a chance de desmistificar suas crenças negativas a respeito de si mesmo, ajuda a melhorar o desempenho social e a enfrentar seus medos. Mas isso requer muita vontade e determinação da pessoa também. Não há uma fórmula mágica na terapia e o indivíduo é grande responsável pela sua melhora. O terapeuta será um facilitador, uma ferramenta que irá utilizar para seu desenvolvimento. Mas este precisa estar disposto a enfrentar seus medos, gradualmente, conforme for se sentindo preparado; disposto a encarar dificuldades, a aprender que errar é humano e até saudável, pois isso nos traz aprendizagens e crescimento pessoal.
Com isso poderá deixar seus medos de lado e poderá viver uma vida normal, sem tanta ansiedade, sofrimento e privações, vivendo a vida como ela realmente é: com seus lados positivos e negativos, com ganhos e perdas, erros e acertos, sem ilusões ou expectativas de uma perfeição que ainda não existe para nenhum de nós, afinal de contas somos todos seres humanos!